Cinco coisas que todo CEO deve saber sobre empresas superstar
Em 1981, o economista norte-americano Sherwin Rosen, da Universidade de Chicago, publicou um artigo intitulado “The Economics of Superstars”. Nesse artigo, o autor cunha o conceito de superstars e argumenta que as mudanças promovidas pelo avanço tecnológico permitiriam que players e empresas com melhor desempenho em um determinado campo atenderiam um mercado maior, assim obtendo uma parcela maior de sua receita.
Ao conseguir atender grande parte do mercado mundial, essas companhias se tornariam superstars em seus segmentos, ou seja, seriam a referência. Segundo Rosen, as empresas nessa categoria são as grandes responsáveis pela maioria dos empregos formais, movimentando a economia e empregando muitos trabalhadores.
Nos últimos 20 anos, companhias como a Apple, Google e Amazon ganharam o coração do público e se tornaram referência de mercado, sendo alçadas ao posto de superstars. Recentemente, o Instituto Global Mckinsey (MGI, na sigla em inglês) publicou os primeiros resultados de uma série de estudos sobre as empresas superstars. Aqui estão os principais pontos desses resultados:
O efeito superstar é real
Em um ambiente cada vez mais competitivo, a estratégia adotada pelas empresas importa mais do que nunca. Após ajuste de inflação, as superstars de hoje tem em média um lucro econômico até 1.6x maior do que as de 20 anos atrás. E não é só o lucro econômico que as fizeram superstars: elas estão entre os empregadores mais buscados e marcas mais valiosas do mundo.
Entre as maiores empresas do mundo, o lucro econômico é distribuído desigualmente junto à uma curva de potência, com 10% das firmas tendo 80% do lucro econômico positivo, de acordo com o MGI.
O modo que você joga suas cartas é importante…
Superstars impressionam pelo seu tamanho. Comparadas a empresas medianas com receita anual superior a USD 1 bilhão, as superstars são até 7 vezes maiores em receita e capital investidor. Além disso, a principal característica que diferencia esse tipo de companhia é o investimento em ativos intangíveis, como software, dados, marcas, contratos com clientes, parcerias com a cadeia de suprimentos e até mesmo treinamento.
Isso é mais notável na medida em que você se aproxima do topo, companhias superstar que integram o top 1% de lucro econômico investem até três vezes mais em P&D do que as empresas medianas e até 10 vezes mais do que as que estão na parte de baixo da curva de potência. Ainda, os gastos capitalizados em ativos intangíveis respondem por um terço do capital investido pelas superstars.
…e onde você escolhe jogá-las também
No caso das superstars, tendemos a pensar na empresa atuando em um determinado setor. Na prática, a companhia pode ter estabelecimentos que abrangem setores diferentes, como empresas automobilísticas e seus serviços de financiamento ao cliente, ou empresas industriais e os serviços pós-venda.
Tentar visualizar o seu estabelecimento (ao invés da empresa) pode te ajudar a ter insights para entender os ganhos econômicos decorrentes da aquisição dessas atividades.
Superstars, independentemente de seu setor, costumam ter uma ou mais atividades proeminentes em seus portfolios. Alguns exemplos incluem empresas industriais ou de varejo que possuem grandes empresas de financiamento, telecomunicações ou companhias de utilitários com propriedades rurais ou empresas de bens de locação; empresas de manufatura avançada que também oferecem serviços de locação ou manutenção de equipamentos.
Desse modo, o importante é onde a empresa deve “jogar” e não apenas em suas principais indústrias ou onde está situada, mas em quais atividades elas executam e controlam nas cadeias de valor comercial em que estão inseridas.
A coroa é disputável
Superstars são advindas de todos os setores e regiões da economia global e, com o passar do tempo, estão se tornando cada vez mais diversas. Os maiores aumentos em representação se dá entre as companhia asiáticas e entre setores como serviços ao consumidor e empresas, eletrônicos, internet e mídia.
Ainda assim, o rápido crescimento econômico na Ásia sozinho não é suficiente para explicar o surgimento de superstars na região. Para se tornar uma empresa desse porte, ainda é necessário vencer a concorrência e o mercado. A crescente diversidade mostra que qualquer empresa, de qualquer parte da economia global, pode se tornar uma superstar.
Um ecossistema superstar está emergindo
Empresas superstar tendem a se concentrar em uma pequena quantidade de grandes cidades em comparação com atividades tradicionais que têm uma pegada geográfica mais ampla. Como resultado os lucros e ganhos salariais vindos das atividades das superstar também são concentrados, alimentando a ascensão de cidades superstars.
A pesquisa do MGI identificou 50 dessas grandes cidades globais – que são centros de finanças, governança e tecnologias globais – e descobriu que elas abrigam apenas 8% da população mundial, mas quase 50% das 5.750 grandes empresas analisadas estão presentes nessas regiões.
O estudo conclui que existe sim um ecossistema superstar emergente, e esse ecossistema está se afastando do resto da economia global: o lucro econômico está concentrado entre empresas superstar, e essas empresas participam ou promovem atividades geograficamente localizadas que tendem a ocorrer em grandes áreas urbanas, que atraem talentos e capital.
Para as empresas nessa categoria, a ascensão desse ecossistema pode ser sinônimo de futuros problemas, como a competição intensificada por talentos e recursos. Quando a distribuição econômico-lucrativa se torna mais distorcida, as superstars precisam de ainda mais acesso a conjuntos de capital, talento e propriedade intelectual.
Isso pode se apresentar como um problema: trabalhadores altamente qualificados motivados pela ascensão dessas cidades podem se encontrar em uma situação complicada quando, ao se mudarem para cidades superstar em busca de melhores oportunidades, se depararem com um alto custo de vida, desigualdade de renda e congestionamento.
Além disso, as empresas podem precisar repensar seus próprios ecossistemas corporativos, incluindo cadeias de suprimento, redes de distribuição e investimentos em P&D, devido à crescente disparidade entre elas e a região em que estão inseridas.