Millennials: a nova geração que influencia o consumo e a cultura corporativa
Uma jovem do Texas acordou em uma noite de julho com o celular explodindo debaixo do travesseiro. Essa notícia aparentemente corriqueira retrata o comportamento de uma geração formada por 1,7 bilhão de pessoas: os millennials, também chamados de geração Y ou nativos digitais. Tratam-se dos nascidos entre 1982 e 2004, que hoje têm entre 14 e 36 anos e, segundo dados da consultoria de inteligência YPulse, especializada neste segmento, até 2025 deverão ter um poder econômico maior que os boomers, nascidos entre 1945 e 1964, movimentando USD 2,45 trilhões.
Seja como consumidores seja como profissionais, a geração Y influencia toda a indústria, o consumo e a cultura corporativa. Por isso, hoje, qualquer empresa que busque o sucesso tem que saber se reinventar para lidar com esse público. Uma das principais características dessa grande fatia de consumidores é que os smartphones são o centro da vida deles. Por meio dos aparelhos, eles compram, trabalham, se comunicam e se informam. Um típico millennial interage com o telefone mais de seis vezes por hora. Ainda segundo essa consultoria, 30% dormem com o telefone.
Essa ampla conexão faz com que eles identifiquem mais com as pessoas da sua idade em outras nações do que com os mais velhos de seu próprio país , pois têm uma visão de mundo diferente de todas as outras gerações. Além disso, possuem uma forte cultura empreendedora uma vez que não se importam em falhar.
Por isso, o primeiro ponto que as corporações devem levar em conta para entrar em contato com os nativos digitais é a utilização da tecnologia como facilitadora do processo de conhecimento de produtos e serviços. Antes de fechar qualquer negócio (incluindo a análise de uma oferta de emprego), a geração Y pesquisa muito online e verifica a reputação das marcas com outros consumidores.
Novas formas de comprar
Essa geração compra de uma maneira muito diferente, tanto no processo decisório quanto no canal, e possui algumas características bastante únicas que devem ser levadas em conta em qualquer cultura corporativa. Os nativos digitais valorizam a imagem e acham a sustentabilidade um valor essencial que deve ser tratado de forma profunda. A inovação também faz parte desse pacote: 67% dos jovens nos Estados Unidos compram daquelas empresas que rompem o status quo. Além disso, valorizam muito a criatividade e a autenticidade.
Desta forma, alinham-se com marcas e companhias que refletem mudança. Também são impacientes e valorizam a customização e a personalização do atendimento. 75% dizem ficar frustrados com atividades que os façam perder tempo e 39% se consideram pouco pacientes, o que reforça a necessidade de o processo de compra ser direto, simples e rápido.
Essa é também uma geração muito ativa, produtora de conteúdo, especialmente nas redes sociais. Nos Estados Unidos, por exemplo 66% dos jovens acreditam que é possível mudar o mundo fazendo barulho online. Essa certeza faz com que possuam e desenvolvam uma habilidade de espalhar informações nunca vista na história. Esse fato estimula a necessidade de as empresas estarem presentes nos principais canais de comunicação, mantendo a transparência e produzindo conteúdos interessantes.
Geração Y e o trabalho
Com todos esses valores em mente, para conquistar esses profissionais, é necessário mostrar que a essência corporativa está alinhada com os valores deles: usar uma linguagem direta e descomplicada, saber ouvir, ser transparente e mostrar propósitos sólidos não apenas no discurso, mas comprovados em atitudes. A conquista desses profissionais acontece de forma aspiracional, e é muito importante a corporação entregar significado, construir relacionamento e saber ouvir.
Obviamente, hoje a geração Y já é parte integrante da força de trabalho de todos os países: segundo a YPulse 60% dos nativos digitais norte-americanos preferem trabalhar em uma empresa do que empreender. E ao contrário do que se imaginava há alguns anos, esses profissionais são fiéis às suas organizações desde que vejam propósito naquilo que fazem.
Os funcionários millennials valorizam o equilíbrio entre carreira e vida pessoal. O propósito de vida e a flexibilidade da jornada aparecem em segundo e terceiro lugares nos itens mais buscados por esse perfil, atrás apenas do salário. Outros pontos extremamente valorizados por esses jovens profissionais é a necessidade de estabilidade e de caminhos claros para o crescimento e desenvolvimento da carreira. Oito em cada dez dizem estar felizes em seus empregos atuais, e a maioria não pretende procurar outro emprego no próximo ano.